quinta-feira, 24 de junho de 2010

Desafios Teológicos

O grande desafio da linguagem teológica é como explicar e convencer as pessoas acerca da existência de um ser que não pode ser explicado, nem sequer podemos aproximar sua natureza da nossa. É como se tentássemos explicar o infinito desenhando para alguém uma reta contendo todos os números existentes, na tentativa de fazer essa pessoa visualizar o que significa infinito. A própria idéia de que numa reta, entre dois pontos, a quantidade de números possíveis existentes é infinita assusta, ou pelo menos intriga qualquer um que tiver curiosidade em saber sobre isso.
Para ter contato com o absoluto, infinito, o ser humano se vê obrigado a criar ferramentas que tornam possível uma aproximação dessa idéia de infinito, algumas delas como a metáfora ou a analogia. Há a necessidade latente de se chegar ao infinito, ao absoluto, a Deus. Mas isso não é possível, pois somos por natureza limitados, imperfeitos, dependentes de um corpo físico que só enxerga o que os olhos vêem, só ouve o que entra pelos ouvidos e só aceita o que o cérebro pode processar como informação válida.
Do outro lado está esse ser maior, absoluto, infinito, que deseja não ser compreendido talvez, mas sim ser convidado a fazer parte de nossa experiência tão pequena, tão curta, tão pobre. Ele não se revelará por completo a nós, já que isso não nos seria possível, mas ele sempre nos deixará um “leia as entrelinhas” nas infinitas hermenêuticas das Escrituras que são a história desse ser contada por ele mesmo e dada a nós como um presente e um “sim” ao nosso convite.