quarta-feira, 21 de julho de 2010

LEMBRANÇAS... ou nostalgia?

Ouvi agora uma música. Uma mulher lembrando-se dos tempos de sua infância. Ela fala de como eram bons os tempos em que éramos inocentes e felizes. Eu me pergunto: eram bons aqueles tempos? Quais tempos são bons? Sim, aqueles eram tempos em que éramos inocentes, ousados e audazes... e felizes. Engraçado que a primeira vez que ouvi essa música eu tinha quinze anos de idade e nunca mais parei de ouvi-la, já naquela época eu me lembrava de uma outra época em que eu era ainda mais inocente e audaz...e feliz. Será que vamos ficando menos felizes, à medida que envelhecemos? Essa música sempre falou de quando éramos inocentes e audazes. Naquela época eu não era audaz. Nem um pouco. Na realidade eu era bem medroso. Tinha medo de desafios, medo dos garotos mais fortes que eu, e de alguns mais fracos também, medo de me expressar com as meninas, sabe, “chegar junto”? Medo de altura (disso ainda tenho). Mas o que me deixa intrigado é como, quinze anos depois eu ainda escuto essa música e me lembro de estar lembrando de um tempo em que fui inocente e nessa época eu era realmente inocente. O que eu era antes, não sei. A audácia posso dizer, veio, mas veio com a saída da inocência. Vamos vivendo, passando por dificuldades, alegrias, prazeres, em suma, poucas e boas. Ou seriam muitas e boas. Ou ruins? Quem sabe? Só sei dizer, que sinto. Não sei dizer o que. Mas sinto como se, ao ouvir essa musica, eu ainda tivesse quinze anos. Lembrando dos tempos que eu era ainda mais jovem e inocente. Seria isso nostalgia? Bom, se for, então é a nostalgia da nostalgia. Há um nome para isso? Pois isso sim é uma coisa engraçada. Lembrar dos tempos em que corríamos, gritávamos, xingávamos, e fazíamos o que queríamos, tudo isso sem sermos chamados de loucos, ou coisa pior. Os tempos em que eu estava em alguma esquina, ou ponto de ônibus, conversando com um amigo, ou ouvindo alguém tocar violão, falando sobre música, tatuagens que faríamos ou garotas que sonhávamos em conquistar, mas isso só quem faziam eram os mais populares, pois éramos inocentes e nada audazes.